sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Leis cármicas e felicidade


Nas experiências psicológicas de amadurecimento da personalidade, na busca da plenitude, a incerteza é indispensável, pois que ela fomenta o crescimento, o progresso, significando insatisfação pelo já conseguido.

A certeza significaria, neste sentido, a cessação de motivos e experiências, que são sempre renovadores, facultando a ampliação dos horizontes do ser e da vida.
Graças à incerteza, que não representa falta de fé, os erros são mais facilmente reparáveis e os êxitos mais significativos. Ela ajuda na libertação, pois que a presença do apego, no sentimento, gera a dor, a angústia. Este último, que funciona como posse algumas vezes, como sensação de segurança e proteção noutras ocasiões, desperta o medo da perda, da solidão, do abandono.
A verdadeira solidão — a mente estar livre, descomprometida, observando sem discutir, sem julgar — é um estado de virtude — nem memória conflitante do passado, nem desespero pelo futuro não delineado — geradora de energia, de coragem.
Normalmente,  o medo da solidão é o fantasma do estar sozinho, sem ninguém a quem submeter ou a quem submeter-se.
A insegurança porque se está a sós assusta, como se a presença  de outra pessoa pudesse evitar os fenômenos automáticos de transformação interna do ser — fisiológica e psicologicamente — impedindo os acontecimentos desagradáveis ou a morte.
É necessário que o homem aprenda a viver com a sua solidão — ele  que é um cosmo miniaturizado, girando sob a influência de outros sistemas à sua volta — com o seu silêncio criativo, sem tagarelice, liberando-se da consciência de culpa, que lhe vem do passado.
Destinado à liberdade plena, encontra-se encurralado  pelas lembranças arquivadas nos painéis do inconsciente — sua memória perispiritual — que lhe põem algemas em forma de ansiedade, de fobias, de conflitos.
Mesmo quando os fatores da vida se lhe  apresentam  tranquilizadores,   evade-se do presente sob suspeitas injustificáveis de que não merece a felicidade, refugiando-se no possível surgimento de inesperados sofrimentos.
A felicidade relativa é possível e se encontra ao alcance de todos os indivíduos, desde que haja neles a aceitação dos acontecimentos conforme se apresentam. Nem exigências de sonhos fantásticos, que não se corporificam em realidade, tampouco o hábito pessimista de mesclar a luz da alegria com as sombras densas dos desajustes emocionais.
As heranças do passado espiritual ressumam em  manifestações cármicas, que devem ser enfrentadas naturalmente por fazerem  parte da vida, elementos essenciais que são constitutivos da existência.
Como decorrência de uma vida anterior dissoluta, surgem os conflitos, as castrações, os tormentos atuais, da mesma forma, como efeito do uso adequado das funções se apresentam as bênçãos  de   plenificação.
As leis cármicas, que são o resultado  das ações meritórias ou comprometedoras de cada indivíduo, geram, na economia evolutiva de cada um, efeitos correspondentes, estabelecendo a ponderabilidade da Divina Justiça, presente em todos os fenômenos da Natureza e da Criação.
O fatalismo cármico da evolução é a felicidade humana, quando o ser, depurado e livre, sentir-se perfeitamente integrado na Consciência Cósmica.
A sua marcha, embora as aparências dissonantes de alegria e tristeza, de saúde e doença, está incursa no processo das conquistas que lhe cumpre realizar, passo a passo, com dignidade e com iguais condições delegadas aos seus semelhantes, sem protecionismos vis ou punições cerceadoras Indevidas, que formaram os arquétipos de privilégio e recusa latentes em muitos.
A resolução para ser feliz rompe as amarras de um carma negativo, face ao ensejo de conquistar mérito através das ações benéficas e construtivas, objetivando a si mesmo, o próximo e a sociedade.
Nenhum impedimento na vida à felicidade.
Uma resignação dinâmica ante o infortúnio — a naturalidade para enfrentar o insucesso negando-se a que interfiram no estado de bem-estar íntimo, que independe de fatores externos — realiza a primeira fase do estágio feliz.
O amadurecimento psicológico, a visão correta e otimista da existência são essenciais para adquirir-se a felicidade possível.
Na sofreguidão da posse,  o homem supõe que o apego às coisas, a disponibilidade de recursos, a ausência de problemas são os fatores básicos da felicidade e, para tanto, se empenha com desespero.
Ao desfrutar deles, porém, dá-se conta que não se encontra  ditoso, embora confortado, porque é no seu mundo íntimo, de satisfação e lucidez em torno das finalidades da vida, que estão os valores da plenitude.
As leis cármicas são a resposta para que alguns indivíduos fruam hoje o que a outros falta, ao mesmo tempo são a esperança para aqueles que lutam e anelam, acenando-lhes a Possibilidade próxima de aquisição dos elementos que felicitam.
Idear a felicidade sem apego e insistir para consegui-la;  trabalhar as aspirações íntimas, harmonizando-as com os limites do equilíbrio; digerir as ocorrências desagradáveis como parte do processo; manter-se vigilante, sem tensões nem receios e se dará o amadurecimento psicológico, liberativo dos carmas de insucesso, abrindo espaço para o auto-encontro, a paz plenificadora.

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