sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Vivo como quero, ou como querem?


Embora o homem venha conquistando ao longo dos séculos, um avanço tecnológico excepcional, nada parece ser suficiente para acalmar seu coração, e ele segue sua jornada vivenciando conflitos íntimos terríveis.
O homem é capaz de bombardear o núcleo do átomo.
Mas não logra implodir o próprio orgulho.
O homem com a ajuda de equipamentos modernos é capaz de mergulhar a grandes profundidades no oceano.
Não obstante, não implementa o grande mergulho em si mesmo, e não passa de ilustre desconhecido de si próprio.
O homem lança sondas espaciais de encontro aos cometas, com o desejo de estudar a constituição íntima da matéria, visando descobrir a origem do universo.
Todavia, tem enormes dificuldades em abraçar seu semelhante.
Somos criaturas paradoxais, desejamos conquistar o mundo, mas somos incapazes de realizar as grandes conquistas afetivas, que certamente nos levariam a experimentar a paz.
No campo afetivo, temos mais facilidade em aceitarmos a opinião dos outros, do que a dos nossos familiares.
Com os outros a paciência, com a família a contenda.
Com estranhos a educação, com a família a irritabilidade.
A vida está difícil, ninguém dúvida das grandes transformações pelas quais a humanidade passa.
Precisamos reavaliar as nossas atitudes, é fundamental que iniciemos o mergulho intransferível e inadiável em nosso ser.
Não podemos continuar vivendo a vida, como reféns dos fatos que acontecem a nossa volta.
Viver a vida através dos fatos gerados pelos outros, é viver de forma alienada com relação a si mesmo.
Nossa vida deve ser determinada pelos acontecimentos gerados a partir de nossas escolhas e decisões.
Somos os construtores de nosso destino, estamos construindo a nossa vida? Ou os outros é que determinam nossa forma de viver?
Urge que nos auto conheçamos.
Como estou reagindo diante desse ou daquele acontecimento?
Minhas opiniões são minhas mesmo, baseadas em minha capacidade de pensar? Ou eu sempre opino de acordo com os critérios alheios?
Minhas respostas aos fatos que acontecem, são determinadas pela emoção, ou pela razão?
Sou mais instintivo, ou racional?
Buscar o equilíbrio entre esses aspectos comportamentais nos facultará, uma melhor qualidade de vida.
Não adianta conquistar o espaço, sem antes se auto conhecer.
Pessoas há que passam pela vida sem viver, pois transitam pelo mundo, como reféns das escolhas alheias.
Afinal, eu escolho a vida que quero ter, ou os outros escolhem como devo viver?

Adeilson Salles  

terça-feira, 16 de agosto de 2016

O passe ao longo dos séculos


A transfusão de energias fisiopsíquicas, o passe ou a imposição de mãos, vem sendo aplicada ao longo de milênios para aliviar, confortar, consolar e curar. Os testemunhos mais impressionantes e inigualáveis foram os de Jesus quando curou doentes, cegos e leprosos há mais de dois mil anos.

Antes do Cristo, o Velho Testamento registra em Deuteronômio (34:9):

Ora, Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porque Moisés tinha imposto as suas mãos sobre ele. De modo que os filhos de Israel lhe obedeceram e fizeram o que o Senhor tinha ordenado a Moisés.

No Novo Testamento, dentre os inúmeros fatos relatados, ressaltamos Mateus (8:1 a 3):

Depois que desceu do monte, muitas turbas o seguiram. Eis que um leproso, aproximando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me.

E Jesus estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; seja purificado! E imediatamente sua lepra foi purificada.

Na Idade Média, Paracelso – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, (1493-1541) – médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista suíço-alemão, já difundia o poder e os benefícios do magnetismo. Mais tarde, Franz Anton Mesmer (1733-1815) destacou-se pelos estudos, divulgação e aplicação do magnetismo animal. Seus ensinos passaram à posteridade com o nome de mesmerismo.

No período contemporâneo, após 1879, Joseph Banks Rhine (1895-1980), parapsicólogo estadunidense, demonstrou com seus estudos e experiências acadêmicas que a mente pode agir sobre a matéria  modificando-a e, inclusive, produzindo efeitos curativos.

No entanto, a Doutrina Espírita, o Evangelho de volta pela segunda vez, desde sua codificação, em 1857, estuda, explica e utiliza os fluidos magnético-espirituais como instrumento de auxílio espiritual, esclarecendo que o processo de cura envolve ações mais complexas, algumas relacionadas à lei de causa e efeito e outras à capacidade do enfermo em se beneficiar desses fluidos. Ensina, também, que a doença é sempre o reflexo de certas ações cometidas pelo Espírito nas inúmeras reencarnações e esclarece, ainda, que as enfermidades deixarão de existir quando o Espírito estiver curado.

Desse modo, instrui-nos Emmanuel:

Consagra-te à própria cura, mas não esqueças a pregação do reino divino aos teus órgãos. Eles são vivos e educáveis.

Sem que teu pensamento se purifique e sem que a tua vontade comande o barco do organismo para o bem, a intervenção dos remédios humanos não passará de medida em trânsito para a inutilidade.1

REFERÊNCIA:

1XAVIER, Francisco C. Segue-me. Pelo Espírito Emmanuel. Editora O CLARIM. cap. A cura própria.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Religião e religiosidade


No caleidoscópio do comportamento humano há, quase sempre, uma grande preocupação por mais parecer do que ser, dando origem aos homens-espelhos, aqueles que, não ten­do identidade própria, refletem os modismos, as imposições, as opiniões alheias. Eles se tornam o que agrada às pessoas com quem convivem, o ambiente que no seu comportamento neurótico se instala. Adota-se uma fórmula religiosa sem que se viva de forma equânime dentro dos cânones da religião. É a experiência da religião sem religiosidade, da aparência so­cial sem o correspondente emocional que trabalha em favor da auto-realização, O conceito de Deus se perde na complexidade das fórmulas vazias do culto externo, e a manifesta­ção da fé íntima desaparece diante das expressões ruidosas, destituídas dos componentes espirituais da meditação, da re­flexão, da entrega. Disso resulta uma vida esvaziada de espe­rança, sem convicção de profundidade, sem madureza espiri­tual.

A religião se destina ao conforto moral e à preservação dos valores espirituais do homem, demitizando a morte e abrindo-lhe as portas aparentemente indevassáveis à percep­ção humana.

Desvelar os segredos da vida de ultratumba, demonstrar-lhe o prosseguimento das aspirações e valores humanos, ora noutra dimensão dentro da mesma realidade da vida, é a finalidade precípua da religião. Ao invés da proibi­ção castradora e do dogmatismo irracional, agressivo à liber­dade de pensamento e de opção, a religião deve favorecer a investigação em torno dos fundamentos existenciais, das ori­gens do ser e do destino humano, ao lado dos equipamentos da ciência, igualmente interessada em aprofundar as sondas das pesquisas sobre o mundo, o homem e a vida.

A fim de que esse objetivo seja alcançado, faz-se indis­pensável a coragem de romper com a tradição — rebelar-se contra a mãe religião — libertando-se das fórmulas, para en­contrar a forma da mais perfeita identificação com a própria consciência geradora de paz. Tornar-se autêntico é uma deci­são definidora que precede a resolução de crescer para dar-se. O desafio consiste na coragem da análise de conteúdo da religião, assim como da lógica, da racionalidade das suas te­ses e propostas. Somente, desta forma, haverá um relaciona­mento criativo entre o crente e a fé, a religiosidade emocio­nal e a religião. Essa busca preserva a liberdade íntima do homem perante a vida, facultando-lhe um incessante cresci­mento, que lhe dará a capacidade para distinguir o em que acredita e por que em tal crê, sustentando as próprias forças na imensa satisfação dos seus descobrimentos e nas possibi­lidades que lhe surgem de ampliar essas conquistas.

Já não se torna, então, importante a religião, formal e cir­cunspecta, fechada e sombria, mas a religiosidade interior que aproxima o indivíduo de Deus em toda a Sua plenitude: no homem, no animal, no vegetal, em a natureza, nas formas viventes ou não, através de um inter-relacionamento integra­dor que o plenifica e o liberta da ansiedade, da solidão, do medo. As suas aspirações não se fazem atormentadoras; não mais surge a solidão como abandono e desamor, e dilui-se o medo ante uma religiosidade que impregna a vida com espe­rança, alegria e fé. O germe divino cresce no interior do ho­mem e expande-se, permitindo que se compreenda o concei­to paulino, que ele já não vivia, “mas o Cristo” nele vivia.

A personalidade conflitante no jogo dos interesses da so­ciedade cede lugar à individualidade eterna e tranqüila, não mais em disputa primária de ambições e sim em realizações nas quais se movimenta. Os outros camuflam a sua realidade e vivem conforme os padrões, às vezes detestados, que lhes são apresentados ou impostos pela sua sociedade. O grupo social, porém, rejeita-os, por sabê-los inautênticos, no entan­to os aplaude, porque eles não incomodam os seus membros, fazendo-os mesmistas, iguais, despersonalizados, desestru­turados. Por falta de uma consciência objetiva — conhecimento dos seus valores pessoais, controle das várias funções do seu organismo físico e emocional, definição positiva de atitudes perante a vida —, não têm a coragem ética de ser autênticos, padecendo conflitos a respeito do senso de responsabilidade e de liberdade, característico do amadurecimento, que se po­derá denominar como uma virtude de longo curso. Não se trata da coragem de arrostar conseqüências pela própria te­meridade, mas do valor para enfrentar-se a si mesmo, geran­do um relacionamento saudável com as demais pessoas, repetindo com entusiasmo a experiência maisucedida, sem ata­duras de remorso ou lamentação pelo fracasso. E saber reti­rar do insucesso os resultados positivos, que se podem trans­formar em alavancas para futuros empreendimentos, nos quais a decisão de insistir e realizar assumem altos níveis éticos, que se tornam desafios no curso do processo evolutivo.

Para que o ânimo robusto possa conduzir às lutas exterio­res, faz-se necessária a autoconquista, que torna o indivíduo justo, equilibrado, sem a característica ansiedade neurótica, reveladora do medo do futuro, da solidão, das dificuldades que surgem.

É preciso que o homem se arrisque, se aventure, mesmo que esta decisão o faça ansioso quanto ao seu desempenho, aos resultados. Ninguém pode superar a ansiedade natural, que faz parte da realidade humana, desde que não extrapole os limites, passando a conflito neurótico.

Por atavismo ancestral o homem nasce vinculado a uma crença religiosa, cujas raízes se fixam no comportamento dos primitivos habitantes da Terra. Do medo decorrente das for­ças desorganizadas das eras primeiras da vida, surgiram as diferentes formas de apaziguar a fúria dos seus responsáveis, mediante os cultos que se transformariam em religiões com as suas variadas cerimônias, cada vez mais complexas e so­fisticadas. Das manifestações primárias com sacrifícios hu­manos, até as expressões metafísicas, toda uma herança psi­cológica e sociológica se transferiu através das gerações, pro­duzindo um natural sentimento religioso que permanece em a natureza humana.

Ao lado disso, considerando-se a origem espiritual do in­divíduo e a Força Criadora do Universo, nele permanece o germe de religiosidade aguardando campo fecundo para de­sabrochar.

Expressa-se, esse conteúdo intelecto-moral, em forma de culto à arte, à ciência, à filosofia, à religião, numa busca de afirmação-integração da sua na Consciência Cósmica. A for­ça primitiva e criadora, nele existente como uma fagulha, possui o potencial de uma estrela que se expandirá com as possibilidades que lhe sejam facultadas. Bem direcionada, sua luz vencerá toda a sombra e se transformará na energia vitalizadora para o crescimento dos seus valores intrínsecos, no desdobramento da sua fatalidade, que são a vitória sobre si mesmo, a relativa perfeição que ainda não tem capacidade de apreender.

Na execução do programa religioso, a maioria das pesso­as age por convencionalismo e conveniência, sem a coragem de assumir as suas convicções, receosas da rejeição do gru­po.

Adotam fórmulas do agrado geral, que foram úteis em determinados períodos do processo histórico e evolutivo da sociedade e, não obstante descubram novas expressões de fé e consolação, receiam ser consideradas alienadas, caso assu­mam as propostas novas que lhes parecem corretas, mas não usuais, e sim de profundidade.

Afirmou um monge medieval que todo aquele que vive morrendo, quando morre não morre”, porque o desapego, o despojar das paixões em cada morrer diário, liberta-o, desde já, até que, quando lhe advém a morte, ele se encontra perfei­tamente livre, portanto, não morto, equivalente a vivo.

A religiosidade é uma conquista que ultrapassa a adoção de uma religião; uma realização interior lúcida, que indepen­de do formalismo, mas que apenas se consegue através da coragem de o homem emergir da rotina e encontrar a própria identidade.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A ESQUIZOFRENIA PODE SER TRATADA NA DIMENSÃO DO ESPÍRITO


A esquizofrenia apresenta um conjunto de sintomas bastante diversificado e complexo, sendo, por vezes, de difícil compreensão. Pode surgir e desaparecer em ciclos de recidivas e remissões. Hoje, é encarada, não como uma doença única, mas, como um grupo de patologias, atingindo todas as classes sociais e grupos humanos. Geralmente, o diagnóstico tem mostrado níveis de confiabilidade, relativamente baixos ou inconsistentes. Explicando, aqui, a esquizofrenia não é a dupla pessoalidade, pois é muito mais ampla que isso e não há motivos de incluir, nela, os Transtornos de Personalidade Múltipla.Em 2004, no Japão, o termo japonês para esquizofrenia foi alterado de Seishin-Bunretsu-Byo (doença da mente dividida) para Togo-shitcho-sho (desordem de integração). Em 2006, ativistas no Reino Unido, sob o jargão de Campanha para a Abolição do Rótulo de Esquizofrenia, defenderam semelhante rejeição do diagnóstico de esquizofrenia e uma abordagem diferente para a compreensão e tratamento dos sintomas associados a ela.

Coube ao suíço Eugen Bleuer, em 1911, a criação do termo "esquizofrenia" significando uma dissidência entre pensamento, emoção e comportamento (esquizo significa cisão e frenia quer dizer mente). É uma doença crônica que atinge, aproximadamente, 60 milhões de pessoas do planeta (1% da população mundial), sendo distribuída de forma igual pelos dois sexos. A diagnose da doença tem sido criticada como desprovida de validade científica ou confiabilidade, e, em geral, a validade dos diagnósticos psiquiátricos tem sido objeto de críticas mais amplas. Uma alternativa sugere que os problemas com o diagnóstico seriam mais bem atendidos se de dimensões individuais fossem, ao longo das quais todos variam, de tal forma, que haveria um espectro contínuo, em vez de um corte distinto entre normal e doente. Geralmente, o esquizofrênico não é violento ou perigoso. Fora da crise, é uma pessoa como qualquer outra.
Porém, alguns poucos, quando em crise, tornam-se agressivos, verbal ou fisicamente, pois os delírios ou as alucinações podem fazer com que se sintam ameaçados.

Não há sintomas determinantes que possibilitem um diagnóstico preciso, de imediato. Tanto pode começar, repentinamente, e eclodir numa crise exuberante, como começar, lentamente, sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica. Os sintomas podem ser confundidos com "crises existenciais", "revoltas contra o sistema", "alienação egoísta", uso de drogas, etc. O delírio de identidade (achar que é outra pessoa) é a marca típica de um doente. É, com frequência, relacionada com o mendigo que deambula pelas ruas, que fala sozinho, com a mulher que aparece na TV, dizendo ter outros álteres, e com o "louco" que aparece nas telenovelas e nos filmes. Foi, durante muitos anos, sinônimo de exclusão social, e o diagnóstico de esquizofrenia significava internação em hospitais psiquiátricos (manicômios) ou asilos, como destino "certo", onde os pacientes ficavam durante vários anos.

Manifesta-se, habitualmente, na parte final da adolescência ou no início da vida adulta. Afirma-se que os primeiros sinais e sintomas de esquizofrenia são traiçoeiros. Os primeiros "sinais" de sossego/calma e afastamento, visíveis num adolescente, normalmente, passam despercebidos, como não sendo sinais de alerta, pois, considera-se o fato de que "é, apenas, uma fase" por que passam os jovens. É importante, porém, que se diga o quanto é difícil interpretar esses comportamentos, associando-os à idade. A sintomatologia esquizofrênica se apresenta demasiada abrangente, sendo uma síndrome com grande componente fisiológico, com a presença marcante das alucinações e dos delírios. O comportamento, frequentemente, fica condicionado às ideias delirantes paranoides e às alucinações auditivo-verbais que os doentes, geralmente, apresentam. Pouco se sabe sobre essa doença e, ante o desafio terapêutico, o máximo que se consegue é obter controle dos sintomas com os antipsicóticos. Faz, apenas, um pouco mais de 10 anos que a Organização Mundial de Saúde editou critérios objetivos e claros para a realização do diagnóstico da esquizofrenia. As causas do processo patogênico são um mosaico: a única coisa evidente é a constituição pluricausal da doença. Isso inclui
mudanças na química cerebral [a atividade dopaminérgica é muito elevada nos indivíduos esquizofrênicos], fatores genéticos e mesmo alterações estruturais.

Na atualidade, alguns neurotransmissores vêm sendo colocados na implicação da fisiopatologia dessa doença, tais como a serotonina e a noradrenalina. Do ponto de vista fisiológico, e apesar das grandes descobertas já realizadas até aqui, no campo dos mecanismos etiopatogênicos, é preciso considerar que o arsenal, ainda, não se esgotou. Isso porque, afora as contribuições psicossociais, há que se levar em consideração o Espírito imortal, agente causal fundamental.
Segundo Jung, "A investigação da esquizofrenia constitui uma das tarefas mais importantes da psiquiatria futura. O problema encerra dois aspectos: um fisiológico e um psicológico... "(1) É importante frisar que a Esquizofrenia tem cura. Até bem pouco tempo, pensava-se que era incurável e que se convertia, obrigatoriamente, em uma doença crônica e para toda a vida. Atualmente, entretanto, sabe-se que uma porcentagem de pessoas que sofre desse transtorno pode recuperar-se por
completo e levar uma vida normal, como qualquer outra. Algumas, com quadros mais graves, apesar de dependerem de medicação, chegam a melhorar até o ponto de poderem desempenhar bem seu ofício, casar e constituir família. O matemático norte-americano, John Nash, que, em sua juventude, sofria de esquizofrenia, conseguiu reverter sua situação clínica e ganhar o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas, em 1994.

Percebe-se, atualmente, certo conflito entre a ala conservadora da Psiquiatria e o Espiritismo, que tomou vulto entre nós, em virtude do crescimento do movimento espírita brasileiro. Na proporção em que o conceito de matéria se pulverizou nas mãos dos físicos, e atingiu o plano da física quântica, verificou-se uma nova revolução copernicana, no que tange à concepção do homem integral. Hoje, há grande número de psiquiatras espíritas que estabelece o diálogo entre corpo e espírito.
A propósito, as doenças são do corpo ou da alma? Encontramos, em "O Livro dos Espíritos", parte II, capítulo VII, que "a matéria é apenas o invólucro do Espírito. Unindo-se ao corpo, o Espírito conserva os atributos de natureza espiritual; que o exercício das faculdades do Espírito depende dos órgãos que lhes servem de instrumento." (2) Traz o Espírito certas pré-disposições ao renascer. O princípio das faculdades está no Espírito e não nos órgãos. Na visão espírita, "esquizofrênicos"são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por habitarem corpos, cujos órgãos comprometidos os impedem de se manifestarem plenamente.

As enfermidades fisiopsíquicas são efeitos e não causas: Tanto as distonias mentais quanto as doenças orgânicas expressam os resultados de ações desequilibradas do Espírito, cuja conduta negativa prejudica, primeiramente, o próprio autor, abrindo zonas mórbidas em seu psiquismo, refletindo-se no seu perispírito e registrando-se no corpo físico em reencarnações posteriores. "A mente transmite ao carro físico, a que se ajusta durante a encarnação, todos os seus estados felizes ou infelizes,equilibrando ou conturbando o ciclo de causa e efeito..."(3) Portanto, éuma patologia que guarda a sua origem profunda no Espírito quedelinquiu. É mister levar em conta a influência negativa, através da obsessão, o que contribui para o agravamento do quadro e para o surgimento de outras disfunções características do transtorno. Por isso mesmo, é preciso vê-la como sendo um processo misto de natureza espiritual, fisiológica, obsessiva e com influências psicossociais.
A divisão da mente, a diluição da memória, o afastamento da realidade parecem denunciar uma espécie de nostalgia psíquica que determina a inadaptação do espírito à realidade atual. Podem ocorrer casos típicos de auto-obsessão nas modalidades variáveis da Esquizofrenia. Os casos se agravam com a participação de entidades obsessoras, geralmente atraídas pelo estado dos pacientes. Este é motivo relevante para a prática da desobsessão.

Psiquiatria e Espiritismo podem ajudar-se, mutuamente, ao que parece, em futuro bem próximo. Não há razão para que a Psiquiatria condene os processos espíritas no tratamento dos casos de obsessão e auto-obsessão. É muito importante ampliar o entendimento das causas originais da esquizofrenia e considerar imprescindível o tratamento espiritual [desobsessão, passe, água fluidificada, oração] oferecido pela Doutrina Espírita, com base nos ensinamentos do Cristo, que, um dia, inevitavelmente, constará nas propostas científicas para o tratamento de todas as doenças humanas.

Jorge Hessen

E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
FONTES:
(1)Jung, Carl Gustav. Psicogênese das Doenças Mentais, RJ: Editora Vozes, 1999
(2)Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB , 1999, parte II, capítulo VII
(3)Xavier, Francisco Cândido e Vieira Waldo. Evolução em Dois Mundos, Ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB 2003

sábado, 19 de março de 2016

Política



60 –Como se deverá comportar o espiritista perante a política do mundo?

O sincero discípulo de Jesus está investido de missão mais sublime, em face da tarefa política saturada de lutas materiais. Essa é a razão por que não deve provocar uma situação de evidência para si mesmo nas administrações transitórias do mundo. E, quando convocado a tais situações pela força das circunstâncias, deve aceita-las não como galardão para a doutrina que professa, mas como provação imperiosa e árdua, onde todo êxito é sempre difícil. O espiritista sincero deve compreender que a iluminação de um mundo, salientando-se que a tarefa do Evangelho, junto das almas encarnadas na Terra, é a mais importante de todas, visto constituir e consolar e instruir, em Jesus, para que todos mobilizem as suas possibilidades divinas no caminho da vida. Trocá-la por um lugar no banquete dos Estados é inverter o valor dos ensinos, porque todas as organizações humanas são passageiras em face da necessidade de renovação de todas as fórmulas do homem na lei do progresso universal, depreendendo-se daí que a verdadeira construção da felicidade geral só será efetiva com bases legítimas no espírito das criaturas. 

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do livro O consolador, pelo espírito Emmanuel

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

APOMETRIA (Viagem Astral), CORRENTE MAGNÉTICA E CROMOTERAPIA, por DIVALDO FRANCO


O médico carioca residente em Porto Alegre desde os anos 50, Dr. José Lacerda, espírita que era então, começou a realizar atividades mediúnicas normais numa pequena sala de Hospital Espírita de Porto Alegre e ali realizou investigações pessoais que desaguaram no movimento denominado Apometria.
Não irei entrar no mérito nem no estudo da Apometria, porque eu não sou apômetra: eu sou espírita, mas o que posso dizer é que a Apometria, segundo os seus próprios seguidores, não é Espiritismo. Suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de “O Livro dos Médiuns”.
A presunção de alguns chegou a afirmar que a Apometria é um passo avançado ao Movimento Espírita e que Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado, já que sua proposta era para o século XIX e parte do século XX, e que a Apometria é o degrau mais evoluído. A prática e os métodos violentos de libertação dos obsessores que este e outros métodos correlatos apresentam, a mim me parecem tão chocantes que me fazem recordar da lei de talião, que já foi suavizada por Moisés, com o código legal, e que Jesus sublimou através do amor.
De acordo com aqueles métodos, quando as entidades são rebeldes os doutrinadores, depois de realizarem uma contagem cabalística ou um gestual muito específico, as expulsam com violência para o magma da Terra, substancia ainda em ebulição do nosso planeta, ou as colocam em cápsulas espaciais que são disparadas para o mundo da erraticidade.
Não iremos examinar a questão esdrúxula desse comportamento, mas se eu, na condição de espírito imperfeito que sou, chegasse desesperado num lugar pedindo misericórdia e apoio à minha loucura, e outrem, o meu próximo, me exilasse para o magma da Terra, para eu experimentar a dureza de um inferno mitológico, ou ser desintegrado, ou se me mandassem expulso da Terra numa cápsula espacial, renegaria aquele Deus que inspirou esse adversário da compaixão.


A Doutrina Espírita, baseada no ensino de Jesus, centraliza-se no amor e todas essas práticas novas, das mentalizações, das correntes mento-magnéticas, psicotelérgicas, que, para nós, espíritas, merecem todo respeito, mas não tem nada a ver com Espiritismo. O mesmo se dá com as práticas da Terapia de Existências Passadas realizadas dentro da casa espírita ou da cromoterapia ou da cristalterapia, que fogem totalmente da finalidade do Espiritismo.
A Casa Espírita não é uma clínica alternativa. Não é lugar onde toda experiência nova deve ser colocada em execução. Tenho certeza de que aqueles que adotam esses métodos novos não conhecem as bases kardequianas e, ao conhecerem-nas, nunca as vivenciaram.
Temos todo o material revelado pelo mundo espiritual nestes tantos anos de codificação, no Brasil e no mundo, pela mediunidade incomparável de Chico Xavier; as informações que vieram pela notável Yvonne do Amaral Pereira; por Zilda Gama e por tantos médiuns nobres conhecidos e desconhecidos.
Então, se alguém prefere a Apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir. A nossa tarefa é de iluminar, não é de eliminar. O espírito mau, perverso, cruel é nosso irmão na ignorância. Poderia haver alguém mais cruel do que o jovem Saulo de Tarso? Ele havia assassinado Estevão a pedradas, havia assassinado outros, e foi a Damasco para assassinar Ananias. Jesus não o colocou numa cápsula espacial e disparou para o infinito. Apareceu a ele! Conquistou-o pelo amor. “Saulo, Saulo, por que me persegues?” pode haver maior ternura nisso? E ele tomado de espanto perguntou: “Que é isto?” “Eu sou Jesus, aquele a quem persegues”. E ele, então, caiu em si. Emmanuel ensina que o termo “caindo em si” significa que a capa do ego cedeu lugar ao encontro com o ser profundo. Ele despertou, e graças a ele nós conhecemos Jesus pela sua palavra, pelas suas lutas, pelo alto preço que pagou, apedrejado várias vezes, jogado por detrás dos muros nos lugares do lixo, foi resgatado pelos amigos e continuou pregando.
Então, os espíritos perversos merecem nossa compaixão e não nosso repúdio. Coloquemo-nos no lugar deles.
Não temos nada contra a Apometria, as correntes mento-magnéticas, aquelas outras de nomes muito esdrúxulos e pseudocientíficos. Mas, como espíritas, nós deveremos cuidar da proposta Espírita.
Na minha condição de Espírita, exercendo a mediunidade por mais de 60 anos, os resultados têm sido todos colhidos na árvore do amor e da caridade e a nossa mentalidade espírita não admite ritual, gestual, gritaria, nem determinados comportamentos.
* Transcrito do Programa Presença Espírita, da Rádio Boa Nova, a partir de palestra de Divaldo Pereira Franco.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Abortamento

Em que momento acontece o milagre da vida? Em que instante o sopro Divino passa a animar o corpo daquele novo ser que logo surgirá na Terra?

A resposta a essas perguntas sempre inquietou a Humanidade. Debruçaram-se sobre ela filósofos, religiosos e cientistas. Apenas a religião oferece certezas.
O mais interessante é que essas certezas são muito semelhantes, o que indica que as diversas tradições religiosas, ao redor do Mundo, guardam entre si muitas coisas em comum.
Por exemplo, quase todas as religiões ensinam que a vida inicia no momento da concepção.
Naquele momento em que o espermatozóide fecunda o óvulo, inicia-se o mais complexo e comovente processo: a formação de um novo corpo humano.
E, asseguram os religiosos, é nesse instante sublime que o Espírito se une ao corpo em formação.
Por isso, também, todas as religiões são unânimes em reprovar o aborto. A única exceção é quando a gravidez ameaça a vida da mãe. E isso também é uma unanimidade entre todas as crenças.
Ora, se é assim, se todas as religiões humanas desaconselham o aborto, por que a Humanidade insiste no abortamento?
O que faz com que pai e mãe escolham matar seu filhinho? O que nos move em direção a um ato que vitima uma criatura frágil e desprotegida?
Resposta: nosso egoísmo. Quando nos vemos em uma situação que ameaça nosso conforto, em geral nos defendemos escolhendo uma atitude defensiva.
O problema é quando a nossa atitude defensiva viola os direitos dos outros. E isso, definitivamente, acontece quando se faz um aborto.
Sim, porque no silêncio do ventre cresce um corpo que já tem dono. Será a morada de um Espírito imortal, abrigará um filho de Deus.
Quantas vezes nós, os que acreditamos em Deus, pensamos que aquele corpo em formação é a morada de um irmão nosso? Um ser especial que as mãos de Deus depositaram em nosso colo?
E como recebemos essa vida nova? O que fazemos com o Divino presente que nos chega às mãos? Será certo sufocá-lo quando está ainda tão frágil e pequenino?
Não. A vida pede proteção, amparo.
Em todos os países e idiomas do Mundo, a maternidade é louvada como sublime. Não podemos, em nome da modernidade, corromper os valores morais e éticos que herdamos. A lei natural é a do progresso. Jamais de retrocesso.
Hoje, o discurso de muita gente é que a mulher deve ter poder de decisão sobre seu corpo.
A legalização do aborto é tratada como avanço dos direitos humanos, pois se alega que a medida vai proteger as mulheres pobres que fazem abortos ilegais.
São argumentações equivocadas. Partem de princípios errôneos.
Primeiro, porque o feto é um ser à parte. Ele não faz parte do corpo da mãe.
E cabe a pergunta: De que direitos humanos falamos? Direitos humanos são para garantir práticas éticas e não para legalizar o assassinato de crianças.
E se desejamos, de fato, proteger as mulheres pobres das conseqüências de um aborto ilegal, deveríamos investir em saúde e educação.
São antídotos. Mulheres informadas usarão métodos contraceptivos, terão acesso a informação. Não precisarão matar para evitar uma gestação.
Por outro lado, onde fica o amor que tanto falamos e aspiramos sentir? O exercício do amor nos recomenda cuidar dos mais fracos. Que amor é esse que se desvencilha da vida que floresce?
O amor acolhe, abençoa, fortalece. É a expressão máxima da solidariedade. O amor, com certeza, não mata.

Redação do Momento Espírita.

Masturbação - Mitos e Consequências Segundo o Espiritismo


 Jorge Luiz Hessen
Muitas pessoas vivem angústias profundas em torno das diretrizes comportamentais na área sexual e isso é compreensível em nosso estágio de humanidade. Por isso, escrevemos alguns argumentos sobre o tema, a fim de que possamos com a Doutrina espírita aprender um pouco mais.
O Espiritismo explica baseado no livre-arbítrio, no percurso de vidas anteriores e na evolução moral de cada um, como estes assuntos devem ser tratados. Lembrando sempre que “cada caso é um caso e muito particular”.
Uma dessas ansiedades é a masturbação, que segundo Sigmund Freud, é envolvida em muito preconceito, graças ao dogmatismo religioso que estigmatiza a sexualidade. Vai distante a época em que se decretava que a masturbação conduzia à loucura e ao inferno. Normal no adolescente que está descobrindo a sexualidade, freqüente nos corações solitários, o problema é que ela favorece a viciação, aguçando o psiquismo do indivíduo com sensualidade avivada. Por outro lado, obsta a sublimação das energias sexuais, quando as circunstâncias nos convocam à castidade, incitando-nos a canalizá-las para as realizações mais enobrecedoras. Vale dizer: há uma energia sexual que precisa ser controlada, não necessariamente através da prática sexual, mas direcioná-la a outras atividades, inclusive a prática da caridade.
A consciência nos sussurra que relação sexual presume dois parceiros. O autoerotismo não deixa de ser uma busca de “prazer” egoísta, por isso mesmo, toda prudência é imprescindível. Na área sexual, urge vigilância permanente, pois, na maioria das vezes ao se masturbar, a criatura não está tão solitária como imagina. Espíritos das sombras, viciados no sexo, muitas vezes estimulam este vício solitário, prejudicando casais quando o parceiro opta por masturbar-se. Entretanto, mister considerar que cada caso é um caso, sem desconsiderar jamais que o equilíbrio e a disciplina mental precisam ser alcançados. Por isso o Espírito Emmanuel, no livro "O Consolador", questão 184, psicografado por Chico Xavier, orienta-nos que, “ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo”.
O uso indevido de qualquer função sexual produz distúrbios, desajustes, carências, que somente a educação do hábito consegue harmonizar. Afinal, o homem não é apenas um feixe de sensações, mas, também, de emoções, que podem e devem ser dirigidas para objetivos que o promovam, nos quais centralize os seus interesses, motivando-o a esforços que serão compensados pelos resultados benéficos.
A vida saudável na esfera do sexo decorre da disciplina, da canalização correta das energias, da ação física: pelo trabalho, pelos desportos, pelas conversações edificantes que proporcionam resistência contra os arrastamentos da sensualidade, auxiliando o indivíduo na conduta. Muitas pessoas consideram o prazer apenas como sendo uma expressão da lascívia, e se esquecem daquele que decorre dos ideais conquistados, da beleza que se expande em toda parte e pode ser contemplada, das encantadoras alegrias do sentimento afetuoso, sem posse, sem exigência, sem o condicionamento carnal.
Será que devemos depreender que o Espiritismo proíbe toda a atividade sexual?! De modo algum. O Espiritismo nada proíbe. Deixa ao livre-arbítrio, à decisão consciente de cada um a atitude a tomar. Limita-se a dar orientação e a demonstrar que atitudes mal tomadas dão intranquilidade e insatisfação e coloca-nos perante a realidade e vantagens do uso consciente da vida.
A Doutrina Espírita apresenta a sexualidade despida da conotação religiosa dogmática que consagrou o sexo pecaminoso, sujo, proibido e demoníaco. Todavia, não legitima o enquadramento da sociedade atual que consubstanciou o sexo como objeto de consumo, devasso e trivial. A proposta espiritista é da energia criadora que necessita estar sedimentada pela lógica e pelo sentimento, pelo respeito e entendimento, pela fidelidade e amor, a fim de propiciar a excelsitude e a paz, ou seja, “Um sexo para a vida e não uma vida para o sexo!”
Para Emmanuel, no livro “Vida e Sexo”, diante das proposições a respeito do sexo, é justo sintetizar-se todas as digressões possíveis nas seguintes normas: não proibição, mas educação; não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo; não indisciplina, mas controle; não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um.
Ninguém se burila de um dia para outro. Conversões religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração. Achamo-nos muito longe da meta para alcançar o projeto de acrisolamento sexual. A rigor, nenhum de nós consegue se conhecer tão exatamente, a ponto de saber, hoje, qual o tamanho da experiência afetiva que nos aguarda no futuro. Não há como penetrarmos nas consciências alheias e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular, no que tange ao amor, reclamando compreensão. Em face disso, muitos de nossos erros imaginários na Terra são caminhos certos para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para o mal de que nos desvencilharemos, um dia!...
A energia sexual, como recurso da lei de atração, na perpetuidade do Universo, é inerente à própria vida, gerando cargas magnéticas em todos os seres, face às potencialidades criativas de que se reveste. À medida que a individualidade evolui, passa a compreender que a energia sexual envolve o impositivo de discernimento e responsabilidade em sua aplicação. Por isso mesmo, deve estar controlada por valores morais que lhe garantam o emprego digno, seja na criação de formas físicas, asseguradora da família, ou na criação de obras beneméritas da sensibilidade e da cultura para a reprodução e extensão do progresso e da experiência, da beleza e do amor, na evolução e burilamento da vida no Planeta.
Nas ligações afetivas terrenas encontramos as grandes alegrias. No entanto, é também dentro delas que somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações. Embora não percebamos de imediato, recebemos, quase sempre, no companheiro ou na companheira da vida íntima, os nossos próprios reflexos.
Analisemos o matrimônio, por exemplo, que pode perfeitamente ser precedido de doçura e esperança, mas isso não impede que os dias subsequentes, em sua marcha incessante, tragam aos cônjuges os resultados das próprias criações que deixaram para trás. Parceiro e parceira, nos compromissos do lar, precisam reaprender na escola do amor, reconhecendo que, acima da conjunção corpórea, fácil de concretizar, é imperioso que a dupla se case, em espírito - sempre mais em espírito -, dia por dia. Até porque extinta a fogueira da paixão na retorta da organização doméstica, remanesce da combustão o ouro vivo do amor puro, que se valoriza, cada vez mais, de alma para alma, habilitando o casal para mais altos destinos na Vida Superior, até porque é o Espírito quem ama e não o corpo, de sorte que, dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade que transcende à vida física.
Urge considerar que a Vontade de Deus, na essência, é o dever em sua mais alta expressão traçado para cada um de nós, no tempo chamado "hoje". E se o "hoje" jaz viçado de complicações e problemas, a repontarem do "ontem", depende de nós a harmonia ou o desequilíbrio do "amanhã". Destarte, o instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida, orientando os processos da evolução.
Importa considerar que diante do sexo, não nos achamos, de nenhum modo, à frente de um despenhadeiro para as trevas, mas perante a fonte viva das energias em que a Sabedoria do Universo situou o laboratório das formas físicas e a usina dos estímulos espirituais mais intensos para a execução das tarefas que esposamos, em regime de colaboração mútua, visando ao rendimento do progresso e do aperfeiçoamento entre os homens.
Cada homem e cada mulher que ainda não se angelizou ou que não se encontre em processo de bloqueio das possibilidades criativas, no corpo ou na alma, traz, evidentemente, maior ou menor percentagem de anseios sexuais, a se expressarem por sede de apoio afetivo. É claramente nas lavras da experiência, errando e acertando e tornando a errar para acertar com mais segurança, que cada um de nós - os filhos de Deus em evolução na Terra - conseguirá sublimar os sentimentos que nos são próprios, de modo a nos erguer, em definitivo, para a conquista da felicidade celeste e do Amor Universal.
* Jorge Luiz Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. É Servidor Público Federal lotado no INMETRO de Brasília; Formação acadêmica: Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História, Escritor (dois livros publicados) Jornalista e articulista com vários artigos publicados na Revista O médium de Juiz de Fora, Reformador da FEB, O Espírita de Brasília (pertence ao conselho editor), do Jornal da Federação de Mato Grosso e do Jornal da FEDERAÇÃO DO DF. Artigo gentilmente oferecido para publicação no site do Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Leis cármicas e felicidade


Nas experiências psicológicas de amadurecimento da personalidade, na busca da plenitude, a incerteza é indispensável, pois que ela fomenta o crescimento, o progresso, significando insatisfação pelo já conseguido.

A certeza significaria, neste sentido, a cessação de motivos e experiências, que são sempre renovadores, facultando a ampliação dos horizontes do ser e da vida.
Graças à incerteza, que não representa falta de fé, os erros são mais facilmente reparáveis e os êxitos mais significativos. Ela ajuda na libertação, pois que a presença do apego, no sentimento, gera a dor, a angústia. Este último, que funciona como posse algumas vezes, como sensação de segurança e proteção noutras ocasiões, desperta o medo da perda, da solidão, do abandono.
A verdadeira solidão — a mente estar livre, descomprometida, observando sem discutir, sem julgar — é um estado de virtude — nem memória conflitante do passado, nem desespero pelo futuro não delineado — geradora de energia, de coragem.
Normalmente,  o medo da solidão é o fantasma do estar sozinho, sem ninguém a quem submeter ou a quem submeter-se.
A insegurança porque se está a sós assusta, como se a presença  de outra pessoa pudesse evitar os fenômenos automáticos de transformação interna do ser — fisiológica e psicologicamente — impedindo os acontecimentos desagradáveis ou a morte.
É necessário que o homem aprenda a viver com a sua solidão — ele  que é um cosmo miniaturizado, girando sob a influência de outros sistemas à sua volta — com o seu silêncio criativo, sem tagarelice, liberando-se da consciência de culpa, que lhe vem do passado.
Destinado à liberdade plena, encontra-se encurralado  pelas lembranças arquivadas nos painéis do inconsciente — sua memória perispiritual — que lhe põem algemas em forma de ansiedade, de fobias, de conflitos.
Mesmo quando os fatores da vida se lhe  apresentam  tranquilizadores,   evade-se do presente sob suspeitas injustificáveis de que não merece a felicidade, refugiando-se no possível surgimento de inesperados sofrimentos.
A felicidade relativa é possível e se encontra ao alcance de todos os indivíduos, desde que haja neles a aceitação dos acontecimentos conforme se apresentam. Nem exigências de sonhos fantásticos, que não se corporificam em realidade, tampouco o hábito pessimista de mesclar a luz da alegria com as sombras densas dos desajustes emocionais.
As heranças do passado espiritual ressumam em  manifestações cármicas, que devem ser enfrentadas naturalmente por fazerem  parte da vida, elementos essenciais que são constitutivos da existência.
Como decorrência de uma vida anterior dissoluta, surgem os conflitos, as castrações, os tormentos atuais, da mesma forma, como efeito do uso adequado das funções se apresentam as bênçãos  de   plenificação.
As leis cármicas, que são o resultado  das ações meritórias ou comprometedoras de cada indivíduo, geram, na economia evolutiva de cada um, efeitos correspondentes, estabelecendo a ponderabilidade da Divina Justiça, presente em todos os fenômenos da Natureza e da Criação.
O fatalismo cármico da evolução é a felicidade humana, quando o ser, depurado e livre, sentir-se perfeitamente integrado na Consciência Cósmica.
A sua marcha, embora as aparências dissonantes de alegria e tristeza, de saúde e doença, está incursa no processo das conquistas que lhe cumpre realizar, passo a passo, com dignidade e com iguais condições delegadas aos seus semelhantes, sem protecionismos vis ou punições cerceadoras Indevidas, que formaram os arquétipos de privilégio e recusa latentes em muitos.
A resolução para ser feliz rompe as amarras de um carma negativo, face ao ensejo de conquistar mérito através das ações benéficas e construtivas, objetivando a si mesmo, o próximo e a sociedade.
Nenhum impedimento na vida à felicidade.
Uma resignação dinâmica ante o infortúnio — a naturalidade para enfrentar o insucesso negando-se a que interfiram no estado de bem-estar íntimo, que independe de fatores externos — realiza a primeira fase do estágio feliz.
O amadurecimento psicológico, a visão correta e otimista da existência são essenciais para adquirir-se a felicidade possível.
Na sofreguidão da posse,  o homem supõe que o apego às coisas, a disponibilidade de recursos, a ausência de problemas são os fatores básicos da felicidade e, para tanto, se empenha com desespero.
Ao desfrutar deles, porém, dá-se conta que não se encontra  ditoso, embora confortado, porque é no seu mundo íntimo, de satisfação e lucidez em torno das finalidades da vida, que estão os valores da plenitude.
As leis cármicas são a resposta para que alguns indivíduos fruam hoje o que a outros falta, ao mesmo tempo são a esperança para aqueles que lutam e anelam, acenando-lhes a Possibilidade próxima de aquisição dos elementos que felicitam.
Idear a felicidade sem apego e insistir para consegui-la;  trabalhar as aspirações íntimas, harmonizando-as com os limites do equilíbrio; digerir as ocorrências desagradáveis como parte do processo; manter-se vigilante, sem tensões nem receios e se dará o amadurecimento psicológico, liberativo dos carmas de insucesso, abrindo espaço para o auto-encontro, a paz plenificadora.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A rotina


A natural transformação social, decorrente dos efeitos da ciência aliada à tecnologia a partir do século 19, impôs que o individualismo competitivo pós renascentista cedesse lugar ao coletivismo industrial e comunitário da atualidade.

A cisão decorrente do pensamento cartesiano, na dicoto­mia do corpo e da alma, ensejou uma radical mudança nos hábitos da sociedade, dando surgimento a uma série de con­flitos que irrompem na personalidade humana e conduzem a alienações perturbadoras.

Antes, os tabus e as superstições geravam comportamen­tos extravagantes, e a falsa moral mascarava os erros que se tornavam fatores de desagregação da personalidade, a servi­ço da hipocrisia refinada.

A mudança de hábitos, no entanto, se liberou o homem de algumas fobias e mecanismos de evasão perniciosos, im­pôs outros padrões comportamentais de massificação, nos quais surgem novos ídolos e mitos devoradores, que respon­dem por equivalentes fenômenos de desequilíbrio.

Houve troca de conduta, mas não de renovação saudável na forma de encarar-se a vida e de vivê-la.

De um lado, a ciência em constante progresso, não se fa­zendo acompanhar por um correspondente desenvolvimento ético-espiritual, candidata-se a conduzir o homem ao niilis­mo, ao conceito de aniquilamento.

Noutro sentido, o contubérnio subjacente, apresenta um elenco exasperador de áreas conflitantes nas guerras e ame­aças de guerras que se sucedem, nas variações da economia, nos volumosos bolsões de miséria de vária ordem, empur­rando o homem para a ansiedade, a insegurança, a suspeição contumaz, a violência.

A fim de fugir à luta desigual — o homem contra a máqui­na — os mecanismos responsáveis pela segurança emocional levam o indivíduo, que não se encoraja ao competitivismo doentio, à acomodação, igualmente enferma, como forma de sobrevivência no báratro em que se encontra, receando ser vencido, esmagado ou consumido pela massa crescente ou pelo desespero avassalador.

Estabelece algumas poucas metas, que conquista com re­lativa facilidade, passando a uma existência rotineira e neu­rotizante, que culmina por matar-lhe o entusiasmo de viver, os estímulos para enfrentar desafios novos.

Rotina é como ferrugem na engrenagem de preciosa ma­quinaria, que a corrói e arrebenta.

Disfarçada como segurança, emperra o carro do progres­so social e automatiza a mente, que cede o campo do raciocí­nio ao mesmismo cansador, deprimente.

O homem repete a ação de ontem com igual intensidade hoje; trabalha no mesmo labor e recompõe idênticos passos; mantém as mesmas desinteressantes conversações: retorna ao lar ou busca os repetidos espairecimentos: bar, clube, tele­visão, jornal, sexo, com frenético receio da solidão, até al­cançar a aposentadoria.. – Nesse ínterim, realiza férias progra­madas, visita lugares que o desagradam, porém reúne-se a outros grupos igualmente tediosos e, quando chega ao denominado período do gozo-repouso, deixa-se arrastar pela inu­tilidade agradável, vitimado por problemas cardíacos, que resultam das pressões largamente sustentadas ou por neuro­ses que a monotonia engendra.

O homem é um mamífero biossocial, construído para experiências e iniciativas constantes, renovadoras.

A sua vida é resultado de bilhões de anos de transforma­ções celulares, sob o comando do Espírito, que elaborou equi­pamentos orgânicos e psíquicos para as respostas evolutivas que a futura perfeição lhe exige.

O trabalho constitui-lhe estímulo aos valores que lhe dor­mem latentes, aguardando despertamento, ampliação, desdo­bramento.

Deixando que esse potencial permaneça inativo por indo­lência ou rotina, a frustração emocional entorpece os sentimentos do ser ou leva-o à violência, ao crime, como processo de libertação da masmorra que ele mesmo construiu, nela encarcerando-se.

Subitamente, qual correnteza contida que arrebenta a bar­ragem, rompe os limites do habitual e dá vazão aos conflitos, aos instintos agressivos, tombando em processos alucinados de desequilíbrios e choque.

Nesse sentido, os suportes morais e espirituais contribu­em para a mudança da rotina, abrindo espaços mentais e emo­cionais para o idealismo do amor ao próximo, da solidarieda­de, dos serviços de enobrecimento humano.

O homem se deve renovar incessantemente, alterando para melhor os hábitos e atividades, motivando-se para o aprimo­ramento íntimo, com conseqüente movimentação das forças que fomentam o progresso pessoal e comunitário, a benefí­cio da sociedade em geral.

Face a esse esforço e empenho, o homem interior sobrepõe-se ao exterior, social, trabalhado pelos atavismos das re­pressões e castrações, propondo conceitos mais dignos de convivência humana, em consonância com as ambições es­pirituais que lhe passam a comandar as disposições íntimas.

O excesso de tecnologia, que aparentemente resolveria os problemas humanos, engendrou novos dramas e conflitos comportamentais, na rotina degradante, que necessitam ser reexaminados para posterior correção.

O individualismo, que deu ênfase ao enganoso conceito do homem de ferro e da mulher boneca, objeto de luxo e de inutilidade, cedeu lugar ao coletivismo consumista, sem iden­tidade, em que os valores obedecem a novos padrões de críti­ca e de aceitação para os triunfos imediatos sob os altos pre­ços da destruição do indivíduo como pessoa racional e livre.

A liberdade custa um alto preço e deve ser conquistada na grande luta que se trava no cotidiano.

Liberdade de ser e atuar, de ter respeitados os seus valo­res e opções de discernir e aplicar, considerando, naturalmente, os códigos éticos e sociais, sem a submissão acomodada e indiferente aos padrões de conveniência dos grupos domi­nantes.

A escala de interesses, apequenando o homem, brinda-o com prêmios que foram estabelecidos pelo sistema desuma­no, sem participação do indivíduo como célula viva e pen­sante do conjunto geral.

Como profilaxia e terapêutica eficaz, existem os desafios propostos por Jesus, que são de grande utilidade, induzindo a criatura a dar passos mais largos e audaciosos do que aqueles que levam na direção dos breves objetivos da existência ape­nas material.

A desenvoltura das propostas evangélicas facilita a rup­tura da rotina, dando saudável dinâmica para uma vida inte­gral em favor do homem-espírito eterno e não apenas da má­quina humana pensante a caminho do túmulo, da dissolução, do esquecimento.
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O homem integral  - Joanna de Ângelis

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

FATORES DE PERTURBAÇÃO

A segunda metade do Século 19 transcorre numa Eurásia sacudida pelas contínuas calamidades guerreiras, que se sucedem, truanescas, dizimando vidas e povos.
As admiráveis conquistas da Ciência que se apóia na Tecnologia, não logram harmonizar o homem belicoso e insatisfeito, que se deixa dominar pela vaga do materialismo-utilitarista, que o transforma num amontoado orgânico que pensa, a caminho de aniquilamento no túmulo.
Possuir, dominar e gozar por um momento, são a meta a que se atira, desarvorado.
Mal se encerra a guerra da Criméia, em 1856, e já se inquietam os
exércitos para a hecatombe franco-prussiana, cujos efeitos estouram em 1914, envolvendo o imenso continente na loucura selvagem que ameaça de consumição a tudo e a todos.
O Armistício, assinado em nome da paz, fomentou o explodir da Segunda Guerra Mundial, que sacudiu o Orbe em seus quadrantes.
Somando-se efeitos a novas causas, surge a Guerra Fria, que se expande pelo sudeste asiático em contínuos conflitos lamentáveis, em nome de ideologias alienígenas, disfarçadas de interesses nacionais, nos quais, os armamentos superados são utilizados, abrindo espaços nos depósitos para outros mais sofisticados e destrutivos…
Abrem-se chagas purulentas que aturdem o pensamento, dores inomináveis rasgam os sentimentos asselvajando os indivíduos.
O medo e o cinismo dão-se as mãos em conciliábulo irreconciliável.
A Guerra dos seis dias, entre árabes e judeus, abre sulcos profundos na economia mundial, erguendo o deus petróleo a uma condição jamais esperada.
Os holocaustos sucedem-se.
Os crimes hediondos em nome da liberdade se acumulam e os tribunais de
justiça os apóiam.
O homem é reduzido à ínfima condição no “apartheid”, nas lutas de classes, na ingestão e uso de alcoólicos e drogas alucinógenas como abismo de fuga para a loucura e o suicidio.
Movimentos filosóficos absurdos arregimentam as mentes jovens e desiludidas em nome do Nadaísmo, do Existencialismo, do Hippieísmo e de comportamentos extravagantes mais recentes, mais agressivos, mais primários, mais violentos.
O homem moderno estertora, enquanto viaja em naves superconfortáveis fora da atmosfera e dentro dela, vencendo as distâncias, interpretando os desafios e enigmas cósmicos.
A sonda investigadora penetra o âmago da vida microscópica e abre todo um universo para informações e esclarecimentos salvadores.
Há esperança para terríveis enfermidades que destruíram gerações, enquanto surgem novas doenças totalmente perturbadoras.
A perplexidade domina as paisagens humanas.
A gritante miséria econômica e o agressivo abandono social fazem das cidades hodiernas o palco para o crime, no qual a criatura vale o que conduz, perdendo os bens materiais e a vida em circunstâncias inimagináveis.
Há uma psicosfera de temor asfixiante enquanto emerge do imo do homem
a indiferença pela ordem, pelos valores éticos, pela existência corporal.
Desumaniza-se o indivíduo, entregando-se ao pavor, ou gerando-o, ou indiferente a ele.
Os distúrbios de comportamento aumentam e o despautério desgoverna.
Uma imediata, urgente reação emocional, cultural, religiosa, psicológica, surge, e o homem voltará a identificar-se consigo mesmo.
A sua identidade cósmica é o primeiro passo a dar, abrindo-se ao amor, que gera confiança, que arranca da negação e o irisa de luz, de beleza, de esperança.
A grande noite que constringe é, também, o início da alvorada que surge.
Neste homem atribulado dos nossos dias, a Divindade deposita a confiança
em favor de uma renovação para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz.
Buscar os valores que lhe dormem soterrados no íntimo é a razão de sua existência corporal, no momento.
Encontrar-se com a vida, enfrentá-la e triunfar, eis o seu fanal.
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O homem integral -Joanna de Ângelis

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ter e ser

O homem integral - Joanna de Ângelis

A psicologia sociológica do passado recomendava a posse como forma de segurança. A felicidade era medida em razão dos haveres acumulados, e a tranquilidade se apresentava como sendo a falta de preocupação em relação ao presente como ao futuro.
Aguardar uma velhice descansada, sem problemas financeiros, impunha-se como a grande meta a conquistar.
A escala de valores mantinha como patamar mais elevado a fortuna endinheirada, como se a vida se restringisse a negócios, à compra e venda de coisas, de favores, de posições.
Mesmo as religiões, preconizando a renúncia ao mundo e aos bens terrenos, reverenciavam os poderosos, os ricos, enquanto se adornavam de requintes, e seus templos se transformavam em verdadeiros bazares, palácios e museus frios, nos quais a solidariedade e o amor passavam desconhecidos.
A felicidade se apresentava possível, desde que se pudesse comprá-la.

Todos os programas traziam como impositivo prioritário o prestígio social decorrente da posse financeira ou do poder político.
Cunhou-se o conceito irônico de que o dinheiro não dá felicidade, porém ajuda a consegui-la. Ninguém o contesta; no entanto, ele não é tudo.
O imediatismo substituiu os valores legítimos da vida, e houve uma natural subestima pelos códigos éticos e morais, as conquistas intelectuais, as virtudes, por parecerem de somenos importância.
Não se excogitava, então, averiguar se as pessoas poderosas e possuidoras de coisas eram realmente felizes, ou se apenas fingiam sê-lo.
Não se indagava a respeito das reais ambições dos  seres, e o quanto dariam
para despojar-se de tudo, a fim de serem outrem ou fazerem  o que lhes aprazia e não o que se lhes impunham.
Embora os avanços da Psicologia profunda,  na atualidade, ainda permanecem alguns bolsões de imposição para que o homem tenha, sem a preocupação com o
que ele seja.
O prolongamento da idade infantil, em mecanismos escapistas da personalidade, faz que a existência permaneça como um jogo, e os bens, como as
pessoas, tornem-se brinquedos nas mãos dos seus possuidores.
Os homens, entretanto, não são marionetes de fácil manipulação. Cada indivíduo tem as suas próprias aspirações e metas, não podendo ser movido, pelo
prazer insano ou com bons propósitos que sejam, por outras pessoas.
Esses atavismos infantis não absorvidos pela idade adulta, impedindo o amadurecimento psicológico encarregado do discernimento, são igualmente responsáveis pela insegurança que leva o indivíduo a amontoar coisas e a cuidar do ego, em detrimento da sua identidade integral. Sem que se dê conta, desumaniza-se e passa à categoria de semideus, desvelando os caprichos infantis, irresponsáveis, que se impõem, satisfazendo as frustrações.
O amadurecimento psicológico equipa o homem de resistências contra os fatores negativos da existência, as ciladas do relacionamento social, as dificuldades do cotidiano.
A vida são todas as ocorrências, agradáveis ou não, que trabalham pelo progresso, em cuja correnteza todos navegam na busca do porto da realização.
Importante, desse modo, é manter-se o equilíbrio entre ser e exteriorizar o que se é, sem conflito comportamental, eliminando os estados de tensão resultantes da insatisfação ou do comodismo, assim, realizando-se, interior e exteriormente.
Nesta luta entre o ego artificial, arquetípico, e o eu real, eterno e evolutivo, os conteúdos ético-morais da vida têm prevalência, devendo ser incorporados à conduta que os automatiza, não mais gerando áreas psicológicas resistentes à auto-realização, e liberando-as para um estado de plenitude relativa, naturalmente, em razão da transitoriedade da existência física.
É óbvio que não fazemos a apologia da escassez ou da miséria, na busca da realização pessoal. Tampouco, propomos o desdém à posse, levando a mente a ilhas onde se homiziam o despeito e a falsa auto-suficiência.
A posse é uma necessidade para atender objetivos próprios, que não são únicos nem exclusivos. Os recursos amoedados, o poder político ou social são mecanismos de progresso, de satisfação, enquanto conduzidos pelo homem, qual locomotiva a movimentar os canos que se lhe submetem. Quando se inverte a situação, o iminente desastre está à vista.
Os recursos são para o homem utilizá-los, ao invés deste se lhes tornar servil, arrastado pelos famanazes dos interesses subalternos que, de auxiliares da pessoa de destaque, passam à condição de controladores das circunstâncias, aprisionando nas suas hábeis manobras aquele que parece conduzi-las…
Não é a posse que o envilece. Ela faculta-lhe o desabrochar dos valores inatos à personalidade, e os recalques, os conflitos em predominância assomam,
prevalecendo-lhe no comportamento.
Eis aí a importância do amadurecimento psicológico do indivíduo, que lhe proporciona os meios de gerir os recursos, sem se lhes submeter aos impositivos.
Quando se tem a sabedoria de administrar os valores de qualquer natureza, a benefício da vida e da coletividade, não apenas se possui, sobretudo se se é livre,
nunca possuído pelas enganosas engrenagens dos metais preciosos, dos títulos de negociação, dos documentos de consagração e propriedade, todos, afinal, perecíveis, que mudam de mão, que são fáceis de perder-se, destruir-se, queimar-se…
A integridade e a segurança defluem do que se é, jamais do que se tem.

CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO


Todos os sábios e grandes mestres da humanidade concordam em afirmar que a verdadeira felicidade do homem aqui na terra, consiste em amar ao próximo como a si mesmo ou então fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem. Algumas pessoas, no entanto talvez num ato de heroísmo, tentam amar ao próximo e se esquecem de si mesmos o que não deixa de ser uma atitude anti-natural. Quando Jesus nos aconselhou a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, nos ensinou a utilização da fraternidade aplicada, pois se jamais queremos o mal para nós, igualmente não os desejamos aos outros.


Portanto, jamais poderemos amar a Deus se não amarmos ao próximo e também a nós mesmos. Muitas vezes equivocadamente pensamos que amar a nós mesmos é uma forma de egoísmo. Amar-nos é fundamental para nossa evolução, pois se não gostamos de nós, como esperar que outros possam gostar? O homem integral harmonizado com as forças cósmicas e divinas deve ser alma, mente, sentimento e corpo.


O homem moderno deve tentar dentro do possível, manter sua forma física, pois o corpo é o templo do espírito. A boa forma física é fundamental para que nos sintamos melhor ajudando o retardamento e deterioração de nosso corpo físico. Se quisermos, não precisamos gastar um minuto sequer na manutenção de nossa forma física com academias, ginásticas e massagens, pois andar, correr, nadar ou pular corda podem ser exercícios muito saudáveis e que todos sabem praticar.

Os exercícios são tranqüilizantes e antidepressivos naturais e combatem as doenças cardíacas, a hipertensão, artrites, osteoporoses, problemas respiratórios, obesidades e outros males. Outro cuidado que temos que ter são com nossos alimentos e com a quantidade com que os ingerimos. A gula desequilibrada tem levado muita gente mais cedo para o mundo espiritual. Quantas doenças provocamos com o destempero de nossa alimentação muito rica em açúcar, gorduras saturadas e outros venenos como balas, chocolates refrigerantes e anilinas?

Mastigar bem os alimentos, comendo com equilíbrio e devagar é necessário para uma boa digestão. Ghandi nos aconselhava a: “mastigar os líquidos e beber os sólidos.” O uso excessivo de carnes vermelhas e o abuso de bebidas alcoólicas não é nada saudável para o homem. No livro dos Provérbios está escrito: “Não estejais entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.”( Pv. 23:20)


É preciso entendermos que tanto a enfermidade quanto a saúde se originam da mente, das emoções e dos sentimentos. O mal viver, o mal sentir e o mal pensar, podem nos levar a quadros mórbidos dolorosos. Somos o que pensamos. Se insistimos em pensar no mal, na dor ou na doença atrairemos todos esses males.


Procuremos viver mais em consonância com os ensinos evangélicos, pois quanto mais nos entregamos às coisas de Deus, tudo mais, inclusive a saúde, nos será dado de acréscimo. Nada portanto, será mais saudável para nosso corpo e mente que a luta que temos de realizar em nosso íntimo para a superação de nossos erros e dificuldades.



Sergito de Souza Cavalcanti

sábado, 16 de janeiro de 2016

TERAPIA DO AUTOCONHECIMENTO


Silencia as ansiedades do sentimento e acalma os tormentos, reflexionando em torno das tuas reais necessidades. Aprofunda a auto-análise e tem a coragem de te desnudares perante a própria consciência.

Enumera as tuas mais graves emoções perturbadoras e raciocina sobre a sua vigência no teu comportamento.

Enfrenta-as, uma a uma, não as justificando, nem as escamoteando sob o desculpismo habitual.

Resolve-te por sanar a situação aflitiva dos teus dias, optando pela aquisição da saúde.

Consciente de que és o que fizeste de ti, e poderás ser o que venhas a fazer de ti próprio, não postergues a decisão do auto-encontro.

Enquanto a anestesia da mentira te obnubile o raciocínio, transitarás de um para outro problema, sem que consigas a paz real.

Reunirás valores de fora, que perdem o significado, logo são conseguidos, anelando pelo bem-estar fugidio, que se te anuncia e logo desaparece.

O homem que se conhece possui um tesouro no coração.

O discernimento que o caracteriza é a sua luz acesa no imo, apontando-lhe rumo.

Conhecendo a fragilidade da veste carnal, valoriza cada hora e aplica-a bem, vivendo-a intensamente, em cujo comportamento recolherás os melhores frutos.

Cada vez que te resolvas por te autodescobrires, conduze uma proposta de libertação.

Começa pelos vícios sociais da mentira, da maledicência, da calúnia, do pessimismo, da suspeita, passando aos dramas do comportamento, na inveja, no ciúme, no ressentimento, no rancor, no ódio... Posteriormente, elabora as medidas educativas às dependências aos alcoólicos, ao tabagismo, às drogas alucinógenas, à luxúria, aos distúrbios da conduta e às investidas das alucinações psicológicas...

Cada passo ser-te-á uma conquista nova.

Toda vitória, por pequena que se te apresente, significará um avanço.

Como os condicionamentos são a segunda natureza, em a natureza humana, gerarás hábitos salutares, que te plenificarão em forma de equilíbrio e paz.

Toda terapia eficiente impõe disciplinas saudáveis, às vezes ásperas, cujos resultados chegam, à medida que são utilizadas.

Na do autodescobrimento, a coragem e o interesse pela própria realização facultarão as forças para que não desistas no tentame, nem te entregues à acomodação mental que te informa ser impossível executá-la.

Começa-a hoje e agora, aguardando que o tempo realize, na cura, o ciclo que investiste para que se te instalassem os distúrbios.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Momentos de Iluminação

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

CASTIGO OU ESCOLHA?


A grande maioria dos homens desconhece a si próprio.

Julga e culpa os demais, por tudo o que lhes acontece.

Nem Deus se livra dos vis julgamentos.

É comum os que são orgulhosos atribuírem à fatalidade e a Deus, as desditas que lhes sobrevêm na vida.

Mas, o mais certo seria se todos os que sofrem desgostos e dificuldades, vasculhassem os próprios atos.

Possivelmente encontrariam aí a causa das muitas desditas que os ferem.

Nem haveria necessidade de remontar a existências passadas para explicar o sofrimento atual.

* * *

Onofre contava com apenas dezessete anos, quando engravidou Marlene.

Quando soube que seria pai, simplesmente deixou a cidade para não voltar mais.

Dona Dora, sua mãe, que era doente e dependia de sua ajuda para sobreviver, ficou ao desamparo.

Passados alguns anos, ele pensou em construir seu lar. Casou-se, mas não teve a ventura de ser pai.

Onofre se fazia de vítima, culpava a companheira pela sua infelicidade.

Começou a beber, de desgosto, dizia.

Com o tempo deixou de voltar para o lar. Vivia na rua.

A esposa optou por mudar de cidade, dedicar-se a uma atividade profissional e cuidar da própria vida.

Vinte anos se passaram.

Recolhido a um asilo de idosos, Onofre, enfermo, continuava reclamando da sorte.

Deus não me ama. Deus me despreza.

E enumerava o que dizia serem as suas desgraças: Deus não lhe permitira ser pai. Se tivesse um filho, ele o atenderia na sua velhice e enfermidade.

Não tinha mãe, nem mulher, nem amigos com quem contar.

Estava abandonado e desprezado por todos.

O que estou passando é a pior fatalidade para um homem. – Dizia. - Deve ser castigo divino. Deus está me punindo por algo que fiz em uma outra vida. Devo ter errado muito num passado distante.

* * *

A nossa estadia na Terra é um sagrado presente que Deus nos concede, para crescermos em sabedoria e amor.

Por essa razão, a vida é uma grande escola, na qual somos matriculados ao nascer e onde todas as ocorrências que nos surgem são lições indispensáveis para nosso crescimento.

Portanto, se tudo na vida nos põe à frente de uma lição, de uma prova, ou de uma expiação, é preciso concluir que toda lição útil precisa ser experienciada devidamente, reprisada, até aprendermos.

Dessa forma, as provas servem para testificar se realmente assimilamos a lição.

A expiação representa a repetição da lição para correção da tarefa equivocada ou mal executada.

Como um aluno no colégio, se assimilamos o conteúdo do ano letivo, passamos para o ciclo seguinte.

Se não aprendemos, reprovamos.

Frente à vida, todo o compromisso que provocamos é responsabilidade nossa.

Todo abandono cometido, com aqueles que confiaram em nós, é débito espalhado.

Todo vício praticado é prejuízo que causamos a nós mesmos.

Toda vitimização que encenamos é atraso na caminhada.

Deus nos dá o livre-arbítrio para escolhermos o que desejamos.

Nossa consciência é quem nos ajuiza.

E, de nossas vidas, somos nós os construtores.

Por tudo isso, saibamos valorizar as oportunidades.

Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Perdão e Vida



Perdão é requisito essencial no erguimento da libertação e da paz.

Habituamo-nos a pensar que Jesus nos teria impulsionado a desculpar “setenta vezes sete vezes” unicamente nos casos de ofensa à dignidade pessoal ou nas ocorrências do delito culposo, entretanto, o apelo do Evangelho nos alcança em áreas muito mais extensas da vida.

Se somarmos as inquietações e sofrimentos que infligimos a nós mesmos por não perdoarmos aos entes amados pelo fato de não serem eles as pessoas que imaginávamos ou desejávamos fossem, surpreenderemos conosco volumosa carga de ressentimento que nada mais é senão peso morto, a impelir-nos para o fogo inútil do desespero.

Isso ocorre em todas as posições da vida.

Esquecemo-nos de que nenhum ser existe imobilizado, que todos experimentamos alterações no curso do tempo e não relevamos facilmente os amigos que se modificam, sem refletir que também nós estamos a modificar-nos diante deles.

Casamento, companheirismo, equipe, agrupamento e sociedade são instituições nas quais é forçoso que o verbo amar seja conjugado todos os dias.

Na Terra, esposamos alguém e verificamos, muitas vezes, que esse alguém não é a criatura que aguardávamos; entregamo-nos a determinados amigos e observamos que não correspondem ao retrato espiritual que fazíamos deles; ou abraçamos parentes e colegas para a execução de certos empreendimentos e notamos, por fim, que não Se harmonizam Com Os nossos planos de trabalho e passamos a sofrer ela incapacidade de tolerar as condições e pelas realidades que lhes são próprias.

Reflitamos, no entanto, que os outros se alteram à nossa frente, quase sempre na medida em que nos alteramos para com eles.

Necessário compreender que se todos somos capazes de auxiliar a alguém, ninguém, pode mudar ninguém, através de atitudes compulsórias, porquanto cada criatura é uma criação original do Criador.

Aceitemos quantos convivam conosco, tais quais são, reconhecendo que para manter a bênção do amor, entre nós, não nos compete exigir a sublimação alheia e sim trabalhar incessantemente e quanto nos seja possível pela própria sublimação.

Livro: Indulgência - Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Reencarnação


Sem a chave da reencarnação, a vida inteira reduzir-se-ia a escuro labirinto.
De existência a existência, no mundo, nossa individualidade imperecível sofre o desgaste da imperfeição, assim como o aprendiz, de curso a curso, na escola, perde o fardo da ignorância.
Compreendendo semelhante verdade, saibamos valorizar o tempo, no espaço terrestre, realizando integral aproveitamento da oportunidade que o Senhor nos concede, entre as criaturas, acumulando em nós as riquezas do Conhecimento Superior e os tesouros da sublimação pelo aprimoramento de nossas qualidades morais.
Lembremo-nos de que nunca iludiremos a vigilância da Lei.
Na Terra, a organização judiciária corrige tão somente os erros espetaculares, expressos nos crimes ou nos desregramentos que compelem os missionários da ordem a drásticas atitudes, segregando a delinqüência na penitenciária ou no hospital, derradeiros limites do desequilíbrio a que se acolhem os trânsfugas sociais.
Todavia, é imperioso reconhecer que todas as nossas falhas são registradas em nós mesmos, constrangendo a Justiça Eterna a providências de reajuste em nosso favor, no instituto universal da reencarnação, que dispõe de infinitos recursos para o trabalho regenerativo.
De mil modos, ilaqueamos no corpo físico a atenção dos juízes humanos, nos delitos ocultos, exercitando a perversidade com inteligência, oprimindo os outros mm suposta humildade, ferindo o próximo com virtudes fictícias, estragando o equipamento corpóreo sem qualquer consideração para com os empréstimos divinos e, sobretudo, explorando os irmãos de luta com manifesto abuso de nossos poderes intelectuais...
No entanto, por isso mesmo também, renascemos sob doloroso regime de sanções, dilacerados por nós mesmos, nas possibilidades que outrora desfrutávamos e que passam a sofrer frustrações aflitivas.
Moléstias do corpo e impedimentos do sangue, mutilações e defeitos, inquietações e deformidades, fobias complexas e deficiências inúmeras constituem pontos de corrigenda do nosso passado que hoje nos restauram à frente do futuro.
Cultivemos, desse modo, o coração nobre no vaso da consciência reta para que a planta de nossa vida se levante para o Hálito de Deus, porquanto basta a boa vontade na sementeira do amor que o Mestre nos legou para que a multidão de nossos débitos seja coberta e esquecida pela Divina Misericórdia, possibilitando o soerguimento de nosso espírito, até agora arrojado ao lodo de velhos compromissos com a sombra, na subida vitoriosa para a Luz Imortal.
Livro: Indulgência - Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier.